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1 de janeiro de 2011

ROBERTO DINAMITE

Ao chegar ao Vasco, o craque Tostão ficou de queixo caído com a maior promessa dos juvenis. Também Ademir Menezes, até então o maior artilheiro do clube, anteviu em Roberto a valentia e a força que sempre usou em campo a favor do time. Nenhum dos dois se equivocou nas previsões. Maior ídolo do clube, Roberto Dinamite é um patrimônio histórico cruz-maltino.

Maracanã, 25 de novembro de 1971, primeiro Campeonato Brasileiro da história. Em campo, Vasco x Internacional. Um juvenil chamado Roberto entra no lugar de Gílson no ataque vascaíno. Na primeira bola que recebe, ele dribla três marcadores e solta um petardo de perna direita. A bola segue como um foguete e estufa as redes. Golaço! No dia seguinte, o jornalista Aparício Pires escreveu no Jornal dos Sports: "Garoto-dinamite explode no Maracanã". Assim nasceu Roberto Dinamite, o maior artilheiro da história de São Januário, do Campeonato Carioca, do Campeonato Brasileiro e do clássico Vasco x Flamengo.

O garoto continuou entre os juvenis e só ingressou definitivamente no time profissional dois anos depois. Talvez porque desconfiassem do garoto grandalhão que, apesar do faro de gol impressionante, vivia matando bola na canela.

Com o tempo ganhou técnica e um espaço enorme no coração do vascaíno. Espaço maior do que outros grandes atacantes do clube, como Ademir Menezes (mais técnico do que ele), Romário (mais infalível) e Edmundo (mais habilidoso).

Roberto conquistou respeito fazendo gols, é certo, mas também com trabalho duro. Dava sempre o máximo em cada jogo, pois sabia perfeitamente que não era nenhum craque e que os críticos não lhe dariam trégua a cada vacilo.

Recordista de gols na história do Campeonato Brasileiro, marcou 190 em 326 jogos. Pelo Vasco, foram 698, em 1110 partidas.

Cheirando gol, chutava de longe com maestria, cabeceava de forma perfeita, era terrível no corpo-a-corpo com os zagueiros e um rei nas bolas paradas. Muitas vezes parecia um termômetro da equipe: quando estava bem, o Vasco vencia; quando mal o time sentia.

Com essa receita, os gols foram brotando – seguidos sempre por aquele sorriso cheio de dentes que fazia o torcedor vascaíno chorar de tanta alegria. Mas Roberto muitas vezes também foi um homem triste. Ficou triste quando, emprestado à Portuguesa em 1989, teve que enfrentar o seu Vasco querido (jogou mal e não fez gol). Dois anos depois sofreu mais uma vez ao ganhar passe livre e não ver o Vasco se esforçar para impedi-lo de ir para o Campo Grande. Mas nenhum sofrimento foi igual à da perda da mulher Jurema, que não resistiu à espera na fila por um transplante de rim de 1984.

Pelos percalços que enfrentou durante a vida, ele pode ser chamado de o "ídolo triste". Irônico falar assim de um homem que fez tantas vezes a massa vascaína sorrir, que jogava literalmente por amor à camisa.

Mas para cada tristeza, Roberto deu centenas de alegrias ao torcedor. Porque jogou com muito amor à camisa nos 20 anos que defendeu o Vasco; porque virou jogos que pareciam perdidos; porque metia medo no Flamengo num tempo em que o Flamengo metia medo em todo mundo. E porque estrear ao lado de Tostão e encerrar a carreira com Edmundo (sem contar Bebeto, Cláudio Adão, Jorge Mendonça, Romário) não é pra qualquer um.

Levou alguns anos para que ele convencesse a torcida do Vasco. Pensando bem, ele nunca convenceu – dele, todos os vascaínos sempre queriam mais, daí os incontáveis episódios em que Roberto ficou magoado. Maior prova de amor impossível. Quando ele parou, após mais de 20 anos de clube, grande parte dos torcedores vivos nunca tinha visto o Vasco sem Roberto – à parte os breves e irreais interregnos no Barcelona, Portuguesa e Campo Grande. Era verdade, o Vasco ia ter que aprender a viver sem o ídolo. Ou não? Hoje, quando o presidente Carlos Roberto Dinamite de Oliveira entra em São Januário para ver o Vasco jogar, tímido como sempre, o mundo entra nos eixos, tudo volta ao lugar, a partida pode começar. E se ele pedir a 10, é dele.


Período: 1971 a 1980, 1980 a 1989, 1990 a 1991 e 1992
Títulos:
  • Campeonato Brasileiro - 1974
  • Campeonato Carioca - 1977/82/87/88-92

FICHA:
Nome: Carlos Roberto de Oliveira
Data de nascimento: 13 de abril de 1954
Local de nascimento: Duque de Caxias - RJ, Brasil
Altura: 186 cm
Posição: Atacante
Apelido: Dinamite

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